Português (Brasil)

Versículo bíblico, a Odisseia de Homero: o que as defesas do núcleo 3 têm a dizer.

Versículo bíblico, a Odisseia de Homero: o que as defesas do núcleo 3 têm a dizer.

De acordo com a PGR, os 12 investigados que fazem parte do terceiro grupo suspeito de estar envolvido em um possível plano de golpe teriam realizado ações estratégicas relacionadas a esse suposto plano.

Compartilhe este conteúdo:

Os advogados dos 12 integrantes do chamado “núcleo 3” da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre um suposto plano de golpe no país em 2022 tiveram 15 minutos cada para defender seus clientes durante o julgamento realizado nesta terça-feira (20) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda não há uma decisão final dos ministros sobre se irão aceitar ou rejeitar a denúncia. Se for aceita, os denunciados passarão a ser considerados réus e uma ação penal será aberta contra eles. Até o momento, o STF já recebeu denúncias contra outros dois núcleos da suposta trama golpista, totalizando 21 réus.

De acordo com a Procuradoria-Geral, os investigados do terceiro núcleo seriam responsáveis pelas ações táticas do suposto plano, incluindo pressionar o alto comando das Forças Armadas para que apoiassem o golpe.

Eles são acusados de tentativa de derrubar de forma violenta o Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

O núcleo 3 inclui 11 militares do Exército e um policial federal:

- Bernardo Correa Netto, coronel preso na operação Tempus Veritatis da Polícia Federal;
- Cleverson Ney, coronel da reserva e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
- Estevam Theophilo, general da reserva e ex-chefe do mesmo comando;
- Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército e supostamente envolvido com uma carta golpista;
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército e membro do grupo “kids pretos”;
- Márcio Nunes de Resende Júnior, coronel do Exército;
- Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército;
- Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel e integrante do grupo “kids pretos”;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel e também membro do grupo “kids pretos”;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior, tenente-coronel do Exército, acusado de participar de discussões sobre um plano golpista;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel;
- Wladimir Matos Soares, agente da Polícia Federal.

As defesas dos acusados pediram a rejeição das acusações contra seus clientes.

O que disseram as defesas

Bernardo Correa Netto  
A defesa dele afirmou que ele nunca teve intenção de ameaçar o Estado Democrático de Direito. Segundo o advogado Ruyter de Miranda Barcelos, não há mensagens dele usando termos como “golpe de Estado” ou demonstrando vontade de se rebelar contra o sistema.

Cleverson Ney  
A defesa explicou que ele foi convidado para uma reunião com Cid sem saber que se tratava de algo político ou estratégico. O advogado Luiz Mário Felix de Moraes Guerra destacou que não há qualquer prova de que Cleverson concordasse com um golpe ou tivesse qualquer intenção ilícita.

Estevam Theophilo  
A defesa dele afirmou que o general nunca comunicou ou recebeu ordens relacionadas à trama golpista e nega sua participação nos atos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

Fabrício Moreira de Bastos  
A defesa negou que ele tenha envolvimento com uma carta pressionando o comando do Exército para um golpe. Segundo o advogado Marcelo Cesar Cordeiro, não há provas ou condutas ilícitas atribuídas a ele.

Hélio Ferreira Lima  
A defesa dele garantiu que ele não está envolvido na trama golpista. O advogado Luciano Pereira Alves citou um versículo bíblico ao final para reforçar sua argumentação: que a justiça e a verdade ainda precisam prevalecer.

Márcio Nunes de Resende Júnior  
A defesa afirmou que ele não participou do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa ataques contra figuras públicas como Lula e ministros do STF. Segundo o advogado Rafael Thomaz Favetti, as provas não sustentam essa acusação.

Nilton Diniz Rodrigues  
A defesa destacou que ele não participou da elaboração nem assinou a carta pressionando o comando do Exército. O advogado Cleber Lopes questionou se seria possível alguém apoiador de um golpe ser promovido a general na atual estrutura militar.

Rafael Martins de Oliveira  
A defesa questionou a competência do STF para julgar o caso dele, alegando que ele nunca ocupou cargos que justificassem essa jurisdição.

Rodrigo Bezerra de Azevedo  
Ele negou ter participado da ação clandestina planejada para prender ou matar o ministro Moraes em dezembro de 2022. O advogado Jeffrey Chiquini explicou que seu cliente não estava no local nem na data apontada.

Ronald Ferreira de Araújo Júnior  
Segundo sua defesa, ele não assinou a carta usada para pressionar superiores e não há provas contra ele nos autos. O advogado João Carlos Dalmagro Junior afirmou que as acusações contra Ronald não justificam uma ação penal.

Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros  
O advogado Igor Vasconcelos Laboissiere usou uma analogia com a história da “Odisseia” para defender seu cliente. Ele argumentou que há uma questão sobre a competência do STF para julgar Sérgio Ricardo e pediu que fosse reconhecida sua incompetência.

Wladimir Matos Soares  
A defesa pediu que o caso dele fosse transferido para a Justiça Federal em Brasília, pois acredita que ele não tem foro privilegiado. Segundo Ramon Gomez Júnior, Wladimir não tem ligação com reuniões ou conversas com os demais integrantes apontados na denúncia.

Compartilhe este conteúdo: