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Máfia das tendas agora na locação de veículos: Tribunal aponta fraude em licitação em consórcio e suspende ata de R$ 74.4 mi da família Sérgio Alvarenga.

Máfia das tendas agora na locação de veículos: Tribunal aponta fraude em licitação em consórcio e suspende ata de R$ 74.4 mi da família Sérgio Alvarenga.

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O Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) jogou uma bomba no coração de mais um esquema criminoso orquestrado pelo “rei das tendas superfaturadas”, Sérgio Alvarenga, e sua família. 

Em uma decisão avassaladora, assinada em 20 de maio de 2025 pela conselheira Márcia Jaccoud Freitas, o tribunal suspendeu as Atas de Registro de Preços do Pregão Eletrônico nº 004/2025 do Consórcio Intermunicipal do Norte (CIM Norte). O processo na Corte tem o nº 03665/2025-9.

O motivo? Um escândalo de R$ 74,4 milhões em fraudes na locação de veículos, com a empresa Vitória Prime Rent a Car, registrada no nome do filho de Sérgio, Thiago de Sousa Alvarenga, no centro do furacão.

A denúncia, feita pela concorrente MC Serviços Automotores Ltda., escancarou um esquema sujo: lotes manipulados, consórcios excluídos sem justificativa e favorecimento descarado à empresa da família Alvarenga. 

O TCE-ES não engoliu as desculpas esfarrapadas do consórcio, que tentou justificar a exclusão de micro e pequenas empresas com base na Lei nº 14.133/2021, mas caiu em contradições grotescas, chamando o objeto de “complexo” e “simples” ao mesmo tempo. 

A decisão foi clara: as atas foram congeladas, e todos os envolvidos foram intimados a prestar esclarecimentos em até 10 dias, sob pena de multas e responsabilidade solidária. O tribunal ainda requisitou a cópia integral do processo administrativo nº 071/2024, prometendo ir fundo na investigação. O MP de Contas e o MP Estadual também devem abrir investigações paralelas e independentes, inclusive acionando o GAECO pela suspeita de organização criminosa.

A Máfia das tendas e das atas: Quem é a família Alvarenga?

Sérgio Alvarenga, o “rei das tendas”, é o patriarca de um império construído sobre fraudes em licitações e atas de registro de preços. Conhecido por frequentar gabinetes de prefeitos como quem bate ponto, ele é suspeito de pagar propinas a políticos e servidores públicos para garantir contratos milionários. 

Sua influência é tão descarada que, em Vila Velha, sua proximidade com o prefeito Arnaldinho Borgo resultou em uma coincidência: ele ganhou uma licitação de R$ 7 milhões, recentemente suspensa pela Justiça. 

O esquema, que começou com tendas e estruturas para eventos, agora se ramifica para a locação de veículos zero quilômetro, com e sem motorista, operada pela Vitória Prime Rent a Car, de seu filho Thiago. A família Alvarenga opera como uma verdadeira máfia. 

Empresas registradas em nomes da esposa, Maria Aparecida dos Santos Souza Alvarenga (Pic Bum Indústria), da filha Karolyne Souza Alvarenga Pioto (Exata Eventos) e dos filhos Bruna e Thiago (Sow Sports Produções e Eventos) formam uma teia de negócios que simulam concorrência, mas, na prática, concentram lucros no mesmo bolso. Até ex-funcionários, como Paulo César de Almeida Júnior, da Play City Eventos, entram no jogo, com empresas registradas em endereços vizinhos, muitas vezes na mesma rua. 

    Sérgio Alvarenga (na foto acima)

O escândalo das tendas superfaturadas durante a pandemia, usado em barreiras sanitárias, já está na mira da Polícia Civil, que pediu cópias de processos na Secretaria Estadual de Saúde via Delegacia de Combate à Corrupção.

Como funciona o esquema?

O modus operandi é tão descarado quanto sofisticado. A família Alvarenga cria atas de registro de preços em licitações manipuladas, com preços inflados em até 30% acima do mercado, segundo fontes do setor. Essas atas, produzidas em consórcios municipais, como o CIM Norte e CIM Polinorte, permitem que prefeituras e órgãos públicos contratem sem novas licitações, engordando os lucros do grupo familiar. O esquema se repete em tendas, palcos, banheiros químicos e, agora, locação de veículos. 

As empresas do clã simulam concorrência, mas o direcionamento é evidente: lotes mal estruturados, exclusão de concorrentes legítimos e favorecimento descarado garantem o domínio dos Alvarenga. O contato prévio de Sérgio com políticos e agentes públicos responsáveis pela montagem e condução das licitações é muito suspeito, até inapropriado.

Articulado com Sérgio Alvarenga e seu grupo empresarial familiar, o CIM Norte tentou defender o indefensável, mas o TCE-ES desmontou a farsa. A suspensão da ata de R$ 74,4 milhões para locação de veículos é um golpe duro no império criminoso do rei das tendas, mas a família Alvarenga segue sob os holofotes. 

Com a Polícia Civil e o Tribunal de Contas apertando o cerco, e o MP abrindo novas investigações, Sérgio Alvarenga e seu clã sentem o chão tremer. A queda é questão de tempo.

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