Profissionais de Medicina, Enfermagem, Odontologia e representantes da OAB celebram o veto à Educação a Distância.
O MEC anunciou uma medida que impede que cursos na área de Saúde e Direito sejam oferecidos na modalidade a distância em universidades brasileiras.
Representantes e presidentes dos conselhos federais de Medicina, Enfermagem e Odontologia celebraram a decisão do Ministério da Educação de restringir os cursos a distância. A CNN conversou com esses representantes, que destacaram a importância de aulas presenciais para garantir a qualidade na formação dos profissionais dessas áreas.
“Imagine você chegar em um posto de atendimento ou em um hospital e ser atendido por alguém que estudou pela internet, só usando apostilas. É difícil de acreditar. Como essa pessoa vai fazer uma punção na sua veia? Como ela vai administrar uma medicação com segurança, sem ter passado por uma prática clínica ou por um contato direto com o paciente?”, questiona Ellen Peres, conselheira da diretoria do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Sua fala reflete o sentimento de outras entidades que representam e fiscalizam profissionais da saúde em relação ao debate sobre cursos presenciais versus a distância.
Ela reforça que “não basta só teoria; fazer enfermagem exige muita prática supervisionada. Não podemos colocar vidas nas mãos de uma formação que não ocorre presencialmente”, afirma.
Francisco Cardoso, vice-corregedor do Conselho Federal de Medicina (CFM), lembra que essa foi uma solicitação do próprio conselho ao Ministério da Educação. “Ensinar medicina exige mais do que apenas conteúdo teórico; é preciso contato humano, supervisão presencial, ética e experiências reais em situações de saúde. Não dá para fazer esse tipo de ensino apenas por meio de uma tela de computador. Essa decisão é uma vitória para a medicina, para a sociedade e para os pacientes”, declara o médico.
O Conselho Federal de Odontologia também reforça que a formação da categoria depende de “uma alta carga de prática clínica presencial”, que ajuda a desenvolver um olhar mais humanizado para os pacientes. Assim, garante-se um atendimento mais individualizado e de excelência, como deve ser.
Claudio Miyake, presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), lembra que essa luta contra o ensino a distância começou em 2017. “A nova política do MEC para o Ensino a Distância é um marco importante para melhorar a qualidade da formação em Odontologia no Brasil. Ela garante que os futuros cirurgiões-dentistas tenham uma capacitação técnica adequada e protege a saúde bucal da população”, afirma.
Por fim, mesmo sendo a única categoria fora da área da Saúde, o Direito também comemorou essa decisão. Beto Simonetti, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), destacou: “A luta da OAB por um ensino jurídico de qualidade é histórica. Por isso, celebramos a cautela do MEC com o ensino a distância, pois atualmente essa modalidade representaria um retrocesso para o nosso setor.”